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quinta-feira, 6 de junho de 2013

SAN DIEGO NO RETROVISOR




Steve's home, minha segunda casa em San Diego


À vezes,as coisas fogem do nosso controle, como um pudim que desanda sem ter  motivo. Menos de 24 horas antes do meu embarque para Berlin, percebi que no meu e ticket, emitido no Brasil 3 meses atrás, havia um erro mortal: meu sobrenome fora grafado de forma diferente do que consta do meu passaporte. Só isso foi motivo para o sistema (tudo é culpa do sistema) recusar meu check in on line.

Tentei contato via email, mas já era tarde demais para uma correção e eu corria o risco - dependendo do humor da atendente no balcão de embarque - de perder o bilhete! Essa era a pior coisa que poderia me acontecer. Bom, quando não se tem nada a fazer contra essas armadilhas da sorte, o jeito é enfrentar o toro a unha. Contei o problema ao Steve que se prontificou a me levar ao aeroporto para tentar obter o boarding  pass no balcão e torcer para que o pequeno erro passasse despercebido.

Roo foi conosco no carro do Seteve. Com o coração na mão, subi ao primeiro piso do aeroporto onde ficam os balcões das companhias aéreas. A sorte sorriu de leve, me brindando com uma tarde quase deserta no aeroporto, o que propicia momentos de relax entre os atendentes. Dito feito. A atendente com cara de mexicana abriu um sorrisão me chamando para o guichê dela.  Abusei do que sabia de truques de sedução lidos em alguma revista feminina , mas que  funcionaram como nunca naquela hora.



Perguntou meu sobrenome, gelei, e respondi o correto. Ela não deu bolas para o pequeno erro (vai ver que nem percebeu) e até me agraciou com um dos melhores lugares nas aeronaves que me levariam a Berlin, com conexão em Nova York. Meu anjo da guarda estava de plantão naquele ultimo domingo de maio. Com certeza. Ela não imaginava o quanto aqueles boarding passes me fizeram bem. 

Voltei para casa na carona do Steve e terminei de arrumar as malas.

SOBRE O ATLÂNTICO

Sem cinto, sem qualquer moeda nos bolsos, passei tranquilo pelo scanner do controle policial. Minha bagagem de bordo estava lotada para evitar excesso de peso na mala  a ser despachada, que  aliás passou raspando o limite. É bom saber que eles não pesam a mala de mao, a tal carry-on bag. Com esta estrategia dá para se ganhar alguns quilos de bagagem livre. Fora isso ainda liberam uma mochila ou bolsa de bordo sem controle de peso. A minha estava pesadíssima.

Mesmo sem ser mineiro, prefiro sempre chegar bem antes do horário de check in. Depois da mala despachada e do scanner, era hora de relaxar e aproveitar o wi-fi do aeroporto, que àquela hora da madrugada estava quase às moscas. Um  café expresso duplo no abominável Starbucks, um iogurte com cereais e estava pronto para as quase 5 horas de vôo entre San Diego e Nova York.

O assento na aeronave da American Airlines , o 16A, janela, era atrás daqueles da saída de emergencia. A grande vantagem  - que a atendente sabia - era não ter ninguém sentado na poltrona ao lado, o que me garantia esticar as pernas e me livrar de cotoveladas involuntárias.

Mas o grande engano meu foi pensar que serviriam algum café da manha na faixa. Alem de sucos e refrigerantes, tudo mais era cobrado no cartão de credito. Crise americana ou não, o fato é que parece-me que nenhuma companhia aérea americana serve mais comida de graça. E o cardápio é composto apenas por sanduíches cobrados a peso de ouro. 

Ao que parece, este habito ainda não chegou às européias. Pelo menos, a alemã Air Berlin ainda serve almoço, fornece frasqueirinha com meia, mascara de dormir e kit dental. Na American Airlines, até o fone de ouvido é cobrado: 2 dólares!!! Ta na hora dos passageiros fazerem como fez a horrenda princesa Carlota Joaquina, ao zarpar do Brasil, país que odiou ate os últimos dia de sua vida: bateu a poeira dos sapatos, para nunca mais voltar.

O assento excelente prometido pela moça, realmente, aconteceu. Na fileira central, das quatro poltronas, apenas duas permaneceram ocupadas por mim e por um jovem alemão, que o Hitler adoraria tê-lo bem próximo. Não fosse a converseira em alto tom de uns casais de italianos na fileira de trás, melhor mesmo só na primeira classe. Lancei meu olhar  Odete Roitman  número 45 e eles se mancaram.

Mais uma vez agradeci aos céus por não ter dado folga dominical ao meu anjo da guarda, e aguardei de barriga cheia a chegada em Berlin prometida para as 7h15 (horário local), da terça-feira. Para não abusar da sorte já contatei minha locatária, Janine, que me aguardará no apartamento de Wilmersdorf às 8h45 ( nada mais alemão ha).