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segunda-feira, 16 de julho de 2012

RELAX


Sempre quis conhecer a sauna onde foi rodada uma cena do filme alemão O Triângulo, que vi no Brasil há bons meses. Pensei - e o filme tenta fazer crer isso - que fosse no complexo aquático Arena, que fica numa área atrás do que foi o muro. Mas, não. La tem uma bela piscina, instalada no meio do rio Spree, com bares, solarium, mas a locação - como diria o Valdir - foi mesmo em outro lugar: no Liquidrom, em Kreuzberg.

Daqui até lá são apenas 4 estações numa mesma linha. Portanto, não mais do que 15 minutos. Com o endereço na mão, desci na estação certa e acompanhei a numeração decrescente. Esqueci que Berlin não segue a lógica de numeração normal das ruas e fui bater numa imensa praça, depois de andar umas três quadras e ainda estar no número 70! Antes de quebrar a cara de novo, achando que a rua poderia prosseguir depois da imensa praça, pedi informações a um cara que bebia uma cerveja num banco da praça. Muito simpático, me disse que o número 10 era na outra extremidade da rua e que ele já havia estado no Liquidrom.

Seguiu comigo rua acima (ou seria abaixo?), contando-me que era jardineiro que havia feito os jardins de um grande parque que fica na mesma rua. Ofereceu-me cerveja e logo se despediu entrando num prédio onde disse morar. Pensei, um jardineiro morando neste prédio legal? Só mesmo na Alemanha… Logo, logo chegaremos lá pelas mãos da tia Dilma…

O Liquidrom é uma espécie de sauna/spa. Você paga19,50 euros por duas horas e o preço vai aumentando à medida em que voce vai ficando por lá. Se você não levar, pode alugar toalha, chinelos e até sunga. Tentei ser prevenido, mas acabei esquecendo a sunga. Morri com 3 euros. Mas, vale a pena. É uma construção moderna, com design arrojado em cimento aparente e madeira. O que a difere das demais é a piscina maior, que foi palco da cena do filme. É uma sala quadrada,  escura, com arcadas enormes, iluminadas com luzes vermelhas, verdes e amarelas. Até aí tudo meio que bem. O melhor é que a música se ouve embaixo d`água, nitidamente. A água beira os 26 graus e é salgada. Então, todo mundo fica boiando com aqueles macarrões, e a cabeça submersa na água para curtir o som, que muitas vezes é feito por um Dj renomado.



O restante são pequenas piscinas de água morna salgada, sauna seca e vapor, onde todos devem entrar SEM ROUPA, homens, mulheres e crianças. Um balcão imenso serve de mesa para petiscos, pratos rápidos, e bebidas alcoólicas ou sucos. Pena que a sopa havia acabado. Pedi vinho. Há massagens com mel e uma sala com parede de tijolos de sal. Tudo envolvido por uma música meio zen.

O TEMPO


Saí de São Paulo com tempo frio e  sentindo no corpo um início de resfriado.  Pensei: ainda bem que tenho direito a seguro de saúde por ter comprado a passagem pelo Visa Prime, uma coisa que pouca gente sabe e que resulta numa economia de bons 300 reais!. Não foi preciso, embora até agora uma tosse seca me incomoda, mas os demais sintomas passaram graças a ingestão de antigripais trazidos do Brasil. Aqui, é possível comprar alguns medicamentos leves nas Apothekes, porque quem atende são pessoas com formação superior, o que equivaleria a nossos farmacêuticos. Hoje mesmo, fui a um a delas para comprar algo contra a tosse. Um senhor muito prestativo de indicou pastilhas Silomat, adquiridas no ato por pouco mais de 7 euros.

Na verdade, o tempo tem estado frio, com temperaturas variando entre 14 e 18 graus. E ainda tem uma chuvinha bem sem graça e atípica para o verão alemão. Portanto, os programas tem sido, como diria minha vizinha da Joaquim Antunes, "in-doors". A exposição do fotógrafo Helmut Newton no Museu da Fotografia foi um deles. Nem precisa dizer que passei horas curtindo os nus do mestre. O museu fica bem perto do ap, na direção da estação Zoologischer Garten, uma zona lotada de turistas de todo o mundo.

Na volta, me protegendo da chuva com meu guarda-chuva, fui almoçar num restaurante com buffet de comida chinesa. Fica numa galeria/passagem que tem uma das suas saídas para a tradicionalmente chic rua Fasane. O preço do buffet? 8,90 euros para comer à vontade, com sobremesa e sorvete incluídos. Dali, voltei pra casa, liguei a TV e estava passando um documentário maravilhoso sobre a era Beat na antiga Alemanha do Leste,  chamada em alemão de DDR. Foram entrevistados jovens que tentaram a todo custo seguir a moda do chamado mundo capitalista, driblando, como podiam, a vigilância da Stasi, para ouvir Beatles e Rollings Stones.

A programação de TV é tudo menos engraçada, como no Brasil. São filmes, documentários e alguns canais com programas de auditório onde pessoas respondem perguntas inteligentes. Mesas-redondas sobre temas polêmicos também tem de sobra. Ontem, tomei um susto, quando zapeando parei num canal que passava um documentário francês sobre o Corinthians, mostrando imagens de uma partida onde se viam faixas com dizeres "Adeus, Doutor Sócrates". Pena que já estava no fim.

WILMERSDORF, O BAIRRO


Fazia tempo que não ouvia o badalar de um sino, chamando para a missa. Me lembra cidade do interior. É uma coisa gostosa, nostálgica, numa boa. Wilmersdorf  e Charlottemburg, se acostumaram a não pensar que um dia existiu um muro, pois estão relativamente distantes daquele monstro que dividiu a cidade. Por isso, os alternativos, contestadores de todas as cores o consideram bairros burgueses, finos, tradicionais. Também acho. Mas, gosto. Ele é limpo, organizado, extremamente arborizado, sem as pixações que deixam Mitte, Kreuzberg, Prenzlauerberg e Friedrichshein com cara de sujos.



A Ludwigkirchstrasse (ou rua da igreja de S. Luís), onde moro, em Wilmersdorf, é cercada de ótimos cafés, bares e restaurantes, com mesas bacanas nas calçadas e gastronomia e atendimento refinados. O bairro nasceu ao redor da igreja, cujo jardim é de doer de bonito. Mas, como já haviam me advertido, não dá para sair com uma roupinha qualquer, tipo moleton e chinelinho… Este look é supernormal naqueles bairros alternativos, artisticos, onde bermuda rasgada (quando o tempo permite), regata e chinelão imperam. É considerado um bairro caro, por estar a duas quadras da mais importante avenida de Berlin, a Kudamm (Kufürstendamm), mas tem todo o que se precisa, de sapateiros a costureiras que reformam roupas (aliás, muitas por aqui!!!), passando por supermercados de todo o tipo, como o Netto e o Kaisers. As sacolinhas ainda estão por aqui, mas é - e sempre foi - de bom tom reeutilizá-las nas próximas compras. Isso já se fazia antes mesmo da moda do "Save the Planet".

O metrô (Uhlandstrasse) fica a duas ruas para cima ou duas para baixo (Hohenzollenplatz) e, sem contar que na Kudamm, além das lojas de altas grifes, tem teatro, tem ônibus até para o aeroporto e um cinema, que é uma delícia, o Cinema Paris. Neste domingo, decidi assistir ali ao filme A Casa na Córsega (não sei se no Brasil a tradução será esta). Parece que eu havia voltado no tempo. Primeiro, porque o local não tem nome de banco (Unibanco, Nacional, etc), só vende ingresso 30 minutos antes da sessão, que não tem todos os dias. No saguão, uma bomboniere, com uma moça simpaticíssima, que cumprimenta e dá até logo quando você sai do cinema.

Poltronas largas guardando distância generosa da fila da frente. Paredes vermelho-escuro (minha mãe diria grenás), e… encobrindo a tela uma maravilhosa cortina pregueada de tecido amarelo-dourado, que se abre bem devagar - como antigamente - para dar lugar à projeção. Pensei que nunca mais fosse ver um cinema assim! E tem mais: antes do filme começar, o gostoso som do bumbo. Tem coisa mais saborosa de se ver? Tudo sem pressa, como no filme À Meia-Noite em Paris.



O AP EM SI


Antes do final da Primeira Temporada, eu já havia visitado o ap da Janine, mas morando nele a gente vai descobrindo coisas. E eu adoro isso. Impressionante como as coisas estão como novas. Chego a pensar que ela jamais morou aqui. Mas, alguns vestígios, como álbum de fotos e um vidro de perfume Hugo Boss no banheiro dão bandeira. Os armários da cozinha e o congelador estão lotados de comida, que ela me liberou para consumir, o que não vou fazer, claro. Outra coisa que sempre me chamou atenção por aqui é a qualidade dos materiais, sejam louças, metais, cortinas ou mesmo janelas e portas. Parece que tudo foi colocado para durar pra sempre… ou até a próxima guerra.

Como ela mexe com coisas de design retrô, o apartamento tem luminárias antigas (e o medo de quebrá-las?!), móveis de designers da década de 50/60 e algumas coisas inusitadas, como o criado-mudo, que é um anão de jardim. Os demais móveis são IKEA, cujo conceito foi imitado pela nossa TokStok, sem a qualidade do original. Se tem uma coisa que não me agrada é o piso de madeira. Não por ser madeira, que adoro, mas porque ela passou um produto que o esbranquiçou e o deixou completamente opaco. Sei que é uma tendência, mas me dá impressão de poeira, chega a me coçar o nariz. Sou mais, um semibrilho discreto…

                                                Vista dos prédios da Ludwigkirchstrasse



                                  Máquinas de lavar e secar em armário embutido no corredor

                                                     Anão de jardim, como criado-mudo

                                                              Luminária antiga
                                                       Living com objetos vintage



                                                  Ângulo do living com varanda ao fundo

Não existe área de serviço na Europa. O que há aqui são máquinas, uma de lavar e outra de secar, uma sobre a outra, embutida num armário fechado no corredor. Alí também estão vassoura, aspirador, produtos de limpeza e uma tábua de passar, que aprendi a dispensar em minhas viagens. Afinal, as roupas já saem da secadora, como se tivessem sido passadas a ferro. Há coisa melhor?

O apartamento fica no quarto andar e não tem número na porta. Quem quiser que saiba o nome do morador, tanto para tocar no interfone lá embaixo, como para descobrir a porta certa no andar. É uma construção da década de 60 e cada proprietário renovou/reformou o seu. Assim fez Janine, por isso os ladrilhos, ducha, torneiras e toda a cozinha estão brilhando de novo, prontos para durar mais umas 4
décadas, no mínimo. O elevador, que só cabem 4 pessoas, para entre um andar e outro, permitindo que você desça ou suba, dependendo do botão que apertar. Eu prefiro, portanto, apertas o 4/5, porque só desço um lance de escada. Não sei a vantagem disso… Só sei que o elevador não para diretamente no andar.

                                                       Elevador, entre um andar e outro
                                              Morando no 4, prefiro pressionar o botão 4/5

OI VON BERLIN


                                      SEGUNDA TEMPORADA - 10/07/2012


O avião da Swiss pousou no aeroporto Tegel, pontualmente, às 14h15. Com todas aquelas 12 horas de voo nas costas eu queria mais era que a minha mala surgisse rapidamente na esteira. Como de costume, a minha foi uma das últimas. Bom, estava quase em casa. Mão-de-vaca como diz minha irmã, sai puxando a minha mala e subi no ônibus 109, que passou pela Kudamm, onde desci a duas quadras do ap da Janine, sem desembolsar mais do que 2,70 euros, contra cerca de 15 euros que um taxi me cobraria.

Janine, como fora combinado, me esperava numa mesa de calçada do Café Magnifique, no térreo do prédio. Cumprimentos à moda alemã, sem beijinhos, perguntou-me se havia feito boa viagem. Minha cara de cansado falava mais do que mil palavras. Janine pediu que colocassem seu café num copo para viagem e dirigiu-se comigo para entrada do prédio. Já ali apresentou-me as chaves, indicando a dourada para a porta de entrada, a mais gorda para a porta do apartamento e a menos gorda para a chave de segurança, a nossa conhecida chave-tetra. Tentei prestar o máximo de atenção que meu cansaço permitia. Já dentro de casa, uma lista sobre a bancada da cozinha alinhava as considerações mais importantes e enumerava os pontos falhos, tipo riscos ali, manchas acolá, etc, etc, etc.

                                        Fachada do prédio. O ap é a quarta varanda à direita

Janine tem cara de uns 28 anos, baixa, muito bonita, mas de uma beleza paulistana, sem o arianismo alemão. Passaria sem alvoroço por uma brasileira. Disse-me que ficaria na cidade até a sexta-feira e que depois sairia em viagem com o namorado. Combinamos a vinda da faxineira polonesa Hania, que irá me cobrar 10 euros por hora. Duas horas bastam, considerou Janine, para o meu alivio e bem-estar de meu bolso brasileiro. Logo pensei nas 6 horas que a Leda levava para limpar meu ap no Brasil. Antes de sair, pediu-me para regar as plantinhas uma vez por semana.