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sábado, 9 de janeiro de 2016

PARIS REVISITADA

Tudo muda quando se amadurece feito fruta. Lembro muito bem quando morei na Alemanha, num tempo tao ido que ainda existia o famoso muro,que me valendo de uns Marcos ( moeda alemã antes do euro)ganhos como modelo nu para uma  escola de  arte, me dei ao luxo de conhecer a Cidade Luz, Paris.

Por vários motivos quaisquer, foi decepção atrás de decepção. E amarguei durante décadas a fama de ser um dos poucos habitantes sobre a face da terra a detestar Paris. Um sacrilégio que me deixava com cara de ignorante, exótico ou ambos.

Minha terceira temporada na Europa reservou-me a oportunidade de me livrar da má fama.  Meu voo Airfrance saía as 12h15 do Aeroporto Franz Joseph Strauss, em Munique. Um bom horário para quem havia decidido poupar 60/70 euros de taxi e arrastar uma mala de bordo pelas estações de metro da cidade. O que eu nao esperava era que uma greve de 48  horas ( sim, na Alemanha, as greves tem dia e hora para acabar) dos maquinistas iria atrapalhar meu conforto econômico.

Depois de varias baldeações entre trens, cheguei enfim ao aeroporto. Os passageiros do meu voo ja haviam se aboletado em seus  assentos, quando o pessoal de bordo anunciava para todo o aeroporto a ultima chamada para o embarque do senhor Do Amaral.  Por sorte, o portão ficava a poucos metros da inspeção de bagagem. Corri feito louco, me desculpei culpando a greve pelo atraso e entrei suando na aeronave azul da Airfrance.

Uma hora e dez minutos depois, Paris surgia aos meus pes a alguns bons metros de altitude. Orientado por minha anfitriã, a francesa Hélène, tomei o ônibus Charles De Gaulle-Gare de Lyon  desembolsando tão exorbitantes quanto inevitáveis 17,5 euros.Como quem decide agradar o visitante, o sol caía leve sobre a cidade, fazendo sombras cinzentas e emoldurando o subúrbio da Cidade Luz. Um bom começo para quem deixara Munique sob um céu nublado de poucos amigos e um frio danado.

Quase uma hora depois, o chofeur informava que havíamos chegado a Gare de Lyon. Agradeci num frances encabulado. Com o estômago pedindo recarga, decidi almoçar em algum dos vários restaurantes ao redor da  bela estação de trem.

Entrei no que me parecia simpático e menos lotado. Bonjour pra cá, Bonjour pra lá, o garçom com cara de árabe me entregou o cardápio. Por 14,20 euros escolhi um Tartar de Boeuf, sem saber o que me esperava no prato.  Degustei como a fome pedia, paguei e aproveitei para perguntar - em inglês - se a rue  du Berny estava próxima. Estava e muito. Virei a próxima esquina e uns 300 metros depois a rua terminava exatamente no Boulevard de la Bastille, endereço do estúdio onde eu ficaria por exatos 7 dias em Paris.

VOILÀ, PARIS!

Confesso e dou minha mão à palmatória, como diria minha mãe: só um louco exótico para não se extasiar diante da beleza de Paris. A arquitetura dos prédios, as portas antigas, as varandinhas com suas grades trabalhadas, os cafés, os jardins, bistrôs e... o ator principal: o belo rio Sena.

Hélène me informara que estaria por alguns dias no Canadá, mas que seu marido me recepcionaria. No mesmo email  me forneceu o código numérico para a porta de entrada e o nome que constaria no interfone.
Tudo certo. Subi no minusculo elevador de 2 portas ate o sexto andar onde o marido da minha anfitriã me aguardava sorridente.

O estúdio era exatamente o que as fotos do Airbnb mostravam. As dimensões parisienses também: no máximo, 20m2 , com cozinha integrada à sala-quarto, banheiro e um mezanino com uma cama. Na sala-quarto, um sofá-cama me acolheu relativamente bem durante toda minha estada. Com a certeza de que teria crise de claustrofobia, achei por bem desistir da cama no mezanino.

Compacto, o estudio encanta o hospede com a maravilhosa vista para o  Quai de la Rappé e mais adiante o deslumbrante Sena com o Jardin des Plantes à sua margem. Isso, sem contar com a Torre Eiffel no skyline da cidade,  por 80 euros a diária.

Localizado entre as estações Quai de la Rappé e Bastille, o miniapartamento é uma mao-na-roda para se conhecer a cidade. Como adoro andar de transporte publico nas cidades que visito, comprei ja no primeiro dia num guichê do metrô um cartão de uma semana ( só me pediram uma fotocopia da foto do passaporte) por 25 euros, que me deu direito a circular ilimitadamente de trem, metrô e ônibus por toda Paris. So para ir a Versailles e ao aeroporto precisei pagar uma pequena diferença complementar.

Com esse passe livre, bati perna pela cidade, sem qualquer dificuldade. Até mesmo o estereótipo do francês antipático ou arrogante caiu por terra. Sem exceção, todos a quem me dirigi para pedir informações foram simpáticos e prestativos. Claro que eu tirava do baú o francês capenga aprendido no colégio. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

QUAL É A SUA CASTA?

Agus, de azul: Rony, de vermelho. Meus motoguias
Rony tem 17 anos, como seu colega Agus. São hindus e estão cursando o último ano do terceiro grau de uma escola pública em Lovina. Franzino, pele clara, corpo débil e sonho de ser cantor, Agus aluga um quarto por 24 dólares por mês em Lovina  já que seus pais moram em Skumpul, cerca de 40 km dali.

Seu companheiro inseparável, Rony, cujo nome o pai tirou de um jogador de futebol inglês, tem pele quase tão escura quanto os próprios cabelos e se queixa de estar acima do peso. 

Para ajudar na economia familiar, sempre que pode, faz bico tocando uma espécie de cítara. Sao apresentações populares esporádicas pelas quais recebe 10 dólares. 

O pai, marcado pela agruras da vida, aparenta mais idade do que realmente tem. E, como grande parte da população, não tem emprego fixo, vive de bico como motorista ou cortando feno, enquanto a esposa cuida do lar e dos outros dois irmãos de Rony. Moram numa casa modesta construída num beco tortuoso, por onde só motos conseguem transitar.

Eles são sudras, ou seja, pertencem à camada mais baixa e mais adensada (90% dos mais de 4 milhões de habitantes) da estratificação social de Bali. Sim, a Indonésia, embora adote a democracia presidencialista, como forma de governo, ainda convive com um sistema de castas, menos rígido do que na Índia, mas tao discriminante quanto.

Templo à beira-mar que visitei levado pelos meus motoguias Rony e Agus.
Fiquei me perguntando para onde vão os sonhos se esta estrutura não permite concretizá-los? Agus pensa em conseguir um emprego como camareiro de hotel, o que deve lhe render 100 dólares (1 milhão de rúpias) por mês e com isso abortar o sonho de ser cantor pop. Aliás, este é o valor do salário-mínimo na Indonésia!

A população está dividida em quatro castas, que se respeitam mutuamente, o que significa, entre outras particularidades, mudar a forma de falar ao dirigir a palavra a alguém de uma casta superior a sua. Ascender só é possível para a mulher que tiver a sorte de conquistar o amor de um rapaz de casta superior. O mesmo não pode acontecer com um apaixonado Sudra do sexo masculino, por exemplo.

Mais de 90% da população é sudra
As castas são:  os Brahmanas, formada pelos sacerdotes, filósofos, acadêmicos e homens considerados santos; os Ksatrias, composta por nobres, ex-membros da família real e tropa de defesa; os Wesias que reúne comerciantes e membros dos setores administrativos; e os Sudras, a parte maior da população formada por operários e artistas. Com a independência da Indonésia, a discriminação por  castas passou a ser, em tese, proibida. 

NOMES DANDO BANDEIRA

Tudo começou a ficar esquisito quando comecei a conhecer pessoas com o mesmo nome, homens ou mulheres. Kadek foi como se apresentou o filho do meu anfitrião Ketut. Depois, o mesmo nome tinha a moça que fazia a limpeza do chalé em Lovina. E Ketut era também o nome de várias pessoas que fui conhecendo ao longo da viagem.

Decidi tirar isso a limpo e fiquei sabendo que os balineses não usam nome de familia, mas um confuso sistema que se baseia em quem nasce primeiro num núcleo familiar. Assim, o primogênito vai ser chamado Wayan, Putu, Gede ou Ni Luh(só para mulheres); o segundo herdeiro pode receber os nomes Made, Kadek ou Nengah;  o terceiro a vir ao mundo será chamado Nyoman ou Komang; e o "raspa do tacho" será para sempre Ketut.

Kadek Rony, na minha moto azul

E o que acontece se o casal decidir ter mais de 4 rebentos? Simples: repete-se a sequência de nomes, com a única diferença de que a cada um é acrescida a palavra Balik, ou seja, Gede Balik, Kadek Balik, ja que Balik significa "novamente".

A coisa fica menos simples, quando se sabe que estes nomes são usados somente pelos membros da casta Sudra. Os Wesya, Ksatria e Brahmana usam outros. Ou seja, este sistema também serve para revelar a sua casta.

Pelo menos, num primeiro momento. Isso porque, desde que se obedeça essa norma, o filho ou filha pode ganhar o nome que os pais desejarem. Meu amigo de Lovina, por exemplo, atende pelo nome de Kadek(o segundo)Rony Ardiana.

AS OUTRAS GILIS


 Bem-vindos a Gilli Air
Partindo de Trawangan, é possível tomar o barco público ao preço de 6 dólares ida e volta para as outras duas Gilis. Mas, só existe um barco que faz a viagem de ida, partindo as 9h30, com parada em Gili Meno, terminando em Gili Air. 

A volta é apenas às 15h, de Gili Air ou às 15h30 de Gili Meno. Dependendo do humor do mar, a viagem até Meno dura menos de 10 minutos e um pouco mais do que isso até Gili Air

Onde se vendem as passagens para as outras Gillis
Quase como num pacto comercial, ninguém vai lhe dizer que você não precisa de um tour para excursionar por estas 2 ilhas.  

Mais fácil obter essa informação de um turista que lhe indicará o Centro de Informações Turísticas de Trawangan. É ali onde se vendem as passagens a preços mais em conta. O local é bem perto de onde atracam os barcos de turismo.

Gili Meno
A menos que seu objetivo seja mergulhar ou fazer snorkeling, daí, há inúmeras opções a cada 50 metros da Main Street, com preços a partir de 10 dólares. Essas pequenas agências oferecem vários tipo de excursões de 1 a 4 dias de duração. Porém, são viagens que só se realizam se houver número suficiente de passageiros.

Gili Meno
Tranquilidade em Gili Air

Resorts chegando a Gili Air
















TRAWANGAN


Ao redor da ilha, praias totalmente desertas
A ilha é pequena e não tem carros nem motos. No segundo dia, aluguei por negociados 3,5 dólares uma bicicleta de cestinha para ser devolvida 24 horas depois. Não pediram qualquer documento, só perguntaram o nome do hotel e número do quarto. Também, quem vai fugir com uma bicicleta velha numa terra cercada de mar?

Pagamento adiantado, bicicleta liberada e lá vou eu contornar a ilha. Por cerca de 90%, a estrada é uma calçadinha bem conservada, só inundada pela areia em alguns pontos. A temperatura de  26 graus às 9h30 da manha fez o passeio ainda mais agradável, sobretudo na companhia permanente do mar em vários tons de azul. A água,  morna, limpa, salgada e transparente, extasia mesmo um habitante dos trópicos.

Carrocinhas com cavalos enfeitados. Negocie
Quem não sabe ou não quer moer as canelas em cima de uma magrela tem a opção das pequenas carroças com seus cavalos enfeitados. Cabem 4 pessoas e o preço é negociável levando em consideração a distância e o número de passageiros. Para contornar a ilha, um deles me pediu 150 mil rúpias, ou seja cerca de 15 dólares. Optei pela bike, muito mais barata.

A MÁQUINA DO TURISMO

Mais do que Ubud ou Lovina, as Gilis tem no turismo sua única fonte de renda. Portanto, nada é feito pelos seus lindos olhos. Por trás de toda a gentileza existe uma mal escondida sede de ganhar dinheiro.  

Vale tudo: massagens sérias, ou não, passeios de barcos, alguns sem qualquer garantia de retorno seguro, propostas suspeitas sussuradas ao seu ouvido, cursos de massagens de 2 horas de duração, de culinária, ou mesmo de surf para iniciantes. 
Bares ao gosto de todo turista...

Depois de umas horas, e diante daquele mar azul inesquecível, você relega tudo isso. E faz ouvidos moucos para as propostas. Como a ilha é pequena, logo todos saberão que você não cai na conversa deles. Aí, tudo fica mais tranquilo.

Trawangan e as duas outras ilhotas, Gili Meno e Gili Air deverão ficar insuportáveis em pouco tempo. A especulação imobiliária já faz Gili Air, a menor de todas, ver seus terrenos a beira-mar serem tomados por enormes residências, muitas delas sem qualquer estilo. Apenas modernosas. Os resorts também já estão chegando...inevitavelmente.






... praias idem. Depois do mergulho,  é só curtir o serviço de praia, com som legal de fundo. Desce uma cerva Bintang!

AS GILIS AZUIS


Trawangan, com os contornos de Lombok, ao fundo 
Por algum motivo, adoro ilhas. Na boca de todo balinês como "Party  Island", Trawangan é um dos milhares pedaços de terra cercado de águas azuis por todos os lados, no arquipélago da Indonésia. Queridinha de mergulhadores e snorklers, tem como vizinhas tranquilas, as igualmente belas e pouco habitadas Gili Meno e Gili Air (em tempo: gili significa ilha pequena em indonésio).

Parti de Lovina às 6h30 da manhã a bordo de uma van Suzuki, tendo como única companhia uma holandesa, que se irritou tanto com os ambulantes de Bali que jurou ser aquela a sua última vez na Ilha dos Deuses.

Duas horas de pouca conversa depois, chegamos ao porto de Amed. Eu diria que aquilo está muito mais para um simples ancoradouro do que para porto em si. Mas as dimensões são também relativas. 

O "porto" de Amed e nosso speed boat
Com a fome de quem tomou apenas um suco de laranja como café da manhã, perguntei na checagem de passagem (compradas a 140 dólares ida e volta até Kuta) onde poderia comer algo mais consistente. Não daria tempo, o speed boat zarparia as 9h00 e meu relógio marcava 8h45.

Melhor assim. De estômago quase vazio enfrentei sem qualquer náusea os solavancos das ondas naquele barco de 25 pessoas, algumas delas visivelmente mareadas. Quando estávamos perto dos 60 minutos, começamos a avistar os contornos das ilhas, para alivio de uma francesa que empalideceu de mal estar durante a travessia.

A ILHA E OS PREÇOS

Pela primeira vez,  e confiando na palavra de meu anfitrião Boete, não reservei acomodação em Trawangan. Desembarquei nas águas azul-turqueza da ilha empurrando minha malinha de bordo e a mochila que engana no peso. A chamada para uma das orações vindo de algum mesquita me lembraram que eu adentrava território - Lombok -dominado por muçulmanos.

Alguns nativos se aproximaram fazendo propaganda de acomodações na faixa dos 15 dólares a diária. Aceitei o convite de um deles para ver o quarto, cujas fotos eram pura enganação de photoshop. Indignado, reclamei, tirando das tripas o que de inglês irritado pude lembrar.

Preferi o Gili T Resort, na rua da praia. Após mostrar o quarto com ar condicionado e ao lado da piscina, a recepcionista asiática queria US$ 60 pela diária, eu firmei o pé em 40 para fechar por 45, com café da manhã. O restaurante do hotel me ganhou com uma vista esplendorosa da praia, com suas águas azuis e montanhas no horizonte. Ali mesmo, almocei um arroz com atum, legumes e uma taça de vinho tinto. Tudo, 9 dólares.
Restaurante do Gili T Resort com pé na areia e visual estonteante

Vi que em Trawangan os preços são um pouco superiores aos de Lovina, mesmo agora na baixa temporada. Porém, os Warungs também servem comida típica a preços que vão de 3 a 4,5 dólares. Nos restaurantes turísticos, os pratos podem chegar ao triplo deste valor. 

Os backpackers se suprem no mercado noturno de comida popular, onde os preços são mínimos, talvez combinando com a qualidade e higiene do local. Salada de frutas por 1,2 dólar, prato de espeto de peixe, frango ou carme, acompanhado de arroz e legumes por 3, 5  dólares. Uma vitamina mista por US$1,30. 

À noite, a ilha muda de cara e imita um pouco Mikonos, com o som de balada eletrônica rasgando o silencio muçulmano.  
Comidinhas, bebidinhas, almofadões e esta paisagem
Resorts de luxo, como este da cadeia Pearl



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ILHA DAS TARTARUGAS OU MENJANGAN



Porto para embarque para Menjangan
Acordei cedo porque a van do tour à ilha das Tartarugas, ou Menjangan, passaria as 8h20 e eu precisava sacar dinheiro em algum ATM. Saquei, aproveitei para tomar cafe na lanchonete da esquina e aguardei no portao a chegada da Toyota velha.

Depois de pegarmos outros passageiros, chegamos à sede da Malibu Dive Lovina. La escolhemos nossos aparelhos de mergulho, que no meu caso foram snorkel e pés-de-pato.
Balouçamos 1hora e 15 minutos até desembarcarmos no pier onde estavam atracados varios barcos, um dos quais seria o nosso, o da tribo dos esnorkianos. Os diveanos foram em outro.

Menos de 30 minutos num mar azul-marinho, com faixas azul-turquesa, e chegamos ao local onde fizemos snorkel, como se estivéssemos dentro de um aquário gigante. Vários peixinhos e peixões dividiram o azul conosco. Muito lindo.

Depois, serviram almoço, quando então pudemos, por um pier, chegar ate a ilha, onde o templo de Ganesh era o principal atrativo. Mas a visão a partir do mar é melhor porque esconde a montanha de lixo ao redor do templo. Será que Ganesh gosta daquela sujeira?

Na volta ninguém imaginava que quase ficaríamos à deriva. O mar estava furioso, com ondas altas, que jogavam água em todos nós, balançando o barco, que parecia de brinquedo. De início, rimos com a ducha maritima. 

Mas depois da quinquagesima vez ja começamos a ficar preocupados. Eu ja olhei para o colete salva-vidas. 

O barqueiro tantava em vão pregar no rosto uma cara despreocupada. E começávamos a observar que a água do mar já enchia o fundo do barco.

Ninguém entrou em pânico, porem eu ja me via boiando de colete salva-vidas vermelho-laranja. Com a ajuda de Ganesh, conseguimos chegar, completamente encharcados, ao porto. Alívio geral. Ainda bem que eu havia trazido uma muda de roupa e ela estava sequinha na mochila.


O celular - que pensei que nunca mais funcionaria - voltou a si, sem problema algum e ainda mais limpo pela agua do mar. E assim acabou a aventura do dia 25 de setembro.


AS CACHOEIRAS DE SEKUMPUL



Na mesma agência onde comprei as passagens para as Gilli Island, fui persuadido a ir ver as cachoeiras de Sekumpul, a uns 50 quilômetros a oeste de Lovina. O preço, que começou começou em 400 mil rúpias de carro, passou para 350 mil de moto, fixando-se - por insistência minha - em 200 mil rúpias, ou 20 dólares, na garupa da scooter do meu guia balinês Putu. 


Combinado, às 9h, estava eu postado no portão do número 46 da Jana Kartika, com protetor solar, boné, óculos de sol e água. Levamos exatos 75 minutos até o estacionamento de entrada do parque das cachoeiras, na vila de Sekumpul. Agora, só me restava começar a caminhar com Putu pela estradinha que nos levaria às quedas d`água.

Meu guia Putu no descanso balinês
O que eu não sabia era que o passeio me brindaria com uma escadaria de 300 degraus até o pé das cachoeiras. Pra baixo... todo santo ajuda. Para subir, só mesmo um atleta para dar cabo daqueles degraus íngremes, sem fazer vários pitstops no trajeto. Minha resistência  me colocou a quilômetros de distância desta condição física.

A extraordinária beleza do lugar compensa o sacrifício. Esbaforido, com o coração saindo pela boca, deixei-me cair  num descanso balinês até que meu batimento cardíaco voltasse ao seu ritmo normal.

O MAR E AS COISAS DE LOVINA


Kartika Beach, Lovina
Cheguei em Lovina a bordo da Suzuky do sr. Ketut, que cobrou "o preço especial" de 35 dólares (350 mil rúpias) pela viagem, quase tour, de pouco mais de três horas, passando pelo templo Teman Ayum e subindo uma montanha de mais de mil metros de altura.

As referências de direção que meu novo anfitrião me passara nos fizeram acertar em cheio a Jana Kartika, 46. Como eu já sabia, o holandês Boete não estava em casa, chegaria no dia seguinte e deixara a incumbência  de me receber à balinesa Kadek.
As fotos do Airbnb fizeram jus à realidade. O chalé abriga com conforto 6 pessoas, 4 bem acomodadas em duas camas de casal em 2 amplos quartos no primeiro andar; e o restante numa enorme cama balinesa numa das salas. Banheiro é enorme com parte do teto a céu aberto, e ha ainda uma varanda bem grande. E eu sozinho senhor de tudo aquilo. É um desperdício que só se justifica pelo preço razoável de 40  dólares por noite.

Pedi, pela primeira vez e sob recomendação de Kadek, um almoço escolhido num cardápio de um Warung de confiança. Uma confortável siesta num quarto com ar-condicionado e teto de palha trançada me deu forças para conhecer a praia Kartika, que distava a pé não mais do que 10 minutos em ritmo lento.
Kadek

Como quase todas de Lovina, a praia Kartika também tem areias escuras vulcânicas e brilhantes, como se alguém tivesse espalhado areia-brilhante por ali. A vegetação não diz nada de mais e nem aqueles belos coqueiros querendo beijar o mar, como em Bora Bora, tem. A agua, quentinha em azul escuro, é convidativa, mas nao vi vivalma se aventurando mar a dentro. Muito menos surfista de marola.

                                                                               AIR PALANAS  BANJAR , OU HOT SPRINGS

Andar a pé por Bali só serve para dar pinta de turista. A impressão que dá é de que o primeiro brinquedinho de criança balinesa é uma scooter. Na saída das escolas, meninas e meninos guiam suas motos tranquilamente, embora legalmente estejam errados. A razão desta contravenção é  quase inexistência de transporte público.


Para não me sentir , e já me sentindo, o mais pobre de jó, decidi acatara sugestao do Boete de alugar uma scooter por 4 dólares por dia, com capacete.


Vamos lá, hoje o dia vai ser para cuidar do corpo. Peguei minha scooter as 8h30 e viajei 30 minutos até Banjar Hot Springs. A Policia me parou, pediu minha licença para dirigir. Nao sou bobo, tirei em SP. O fato de ser brasileiro ajudou. Ronaldinho, Cacá, Neymar, Robinho, e tudo bem, liberado com um simpático " take care" de quebra.

Duzentos metros adiante, a scooter parou por falta de "petroil". Um balinês me deu ajuda buscando num boteco 2litros de gasolina por 1 euro. Claro, "doei" 10 mil rúpias e ele sumiu sorrindo.

A entrada para os banhos custa 5 mil rúpias. Muito? Nada. Menos de cinquenta centavos de euro! Donation para estacionar e vamos aos banhos! A água sulfurosa tem uma cor diferente, mas corre limpa a uns 30 graus da boca de estatuas em forma de dragão. Floresta por todo o lado.É um lugar lindo, rústico, mais frequentado pelos locais.

E eles adoram conversar. Um deles ficou um tempão papeando comigo. Estava ali com o pai e os filhos. E a água caindo quentinha sobre as nossas cabeças. Maravilha.

Para alinhavar, no local, paguei 8 dólares por uma massagem corporal de mais de uma hora. Saí tao rejuvenescido que vão me pedir acompanhante adulto para pegar o avião de volta a Berlim!