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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

GALOS/GALINHOS- ÁLBUM

Fotos diversas da viagem para Galinhos






































A DANÇA DAS DUNAS




A fome começou começou a dizer a que veio. Fomos informados de que  pararíamos em Galos para  saborear um buffet de R$ 25 reais, tipo "coma tudo que puder". Impossível, o sabor estava longe de merecer um bis, nem mesmo a sobremesa. É um daqueles micos que, mais dia menos dia, todo turista paga, o mico turístico. Sem opção conhecida, com horário para começar e terminar, que não lhe permite optar por algo diferente, acaba-se pagando muito pelo que não vale. Faz parte do jogo.

Coqueiros gigantes montando guarda à beira-mar fazem com que Galos ganhe no quesito beleza da irmã Galinhos. Pena que o tempo escasso não permita maiores comparações. Proposital ou não, somos levados, após o almoço direto para Galinhos. O percurso, embora rápido, cerca de 10 minutos, é belíssimo. O barco navega lentamente rente às dunas que vão mostrando suas ondas, dobras, curvas sinuosas, reentrâncias suaves até nos aproximarmos do trapiche (pier) de Galinhos.


Com pouco mais de 2 mil habitantes, a cidade, por sua circunstância geográfica, está livre da presença de automóveis em suas ruas. Os jegue-táxis são o principal meio de transporte da população. Um farol de acesso proibido, uma extensa praia oceânica, com barzinhos modestos e suas cadeiras de plástico fincadas na areia, uma praça, uma igreja. É o que pode ser visto nas duas horas sob sol escaldante da beira-mar galinhense. Por duas caipirinhas e uma coca-cola cobraram 20 reais! Nem toda simpatia do garçom justifica tais preços. Nos bons restaurantes de Natal, a bebida não passa dos 6 reais.

Jegue-táxi  na praia


O mesmo charreteiro que leva o turista à praia da cidade, o pega de volta por R$ 2,50 por passageiro. Se o passeio for o mais longo, até o forte, o preço dobra. Seria este o mico número 2? Pelo tempo que o passageiro passa na charrete, o preço só não é mais salgado do que as águas do mar de Galinhos. Fora esses pequenos detalhes, o tour de um dia por R$ 70 porta-a-porta, mais a gorjeta do Jarda, vale super a pena.

DUNAS DE SAL


A península de Galinhos, cujo nome tomou emprestado a um peixe comum na região, fica a 166 quilômetros de Natal, pela BR 406 e depois pela RN 402 que vai para o Litoral Norte, passando por João Câmara e Jandaíra. É uma estrada estreita de mão dupla que deve ser palco de desastres automoblísticos noturnos. Não é a-toa que se vê tantas cruzes fincadas às margens da rodovia. Disse a minha amiga Graça que algumas delas tem até a foto do pobre atropelado. Mudamos de assunto para comentarmos sobre os requebros das gordas de um DVD de axé-music que rodava numa tela de TV para quem quisesse ver durante os longos 140 minutos.



Praia do Capim

Já fartos de observarmos tanta vegetação esturricada pela estiagem prolongada, chegamos enfim a um lugar que soube chamar-se Pratagil.  Deveria ser em homenagem a uma prima da Preta Gil, brinquei com o nosso Jarda, que deverá guardar a piada para os próximos tours, se é que não apenas esqueceu-se de contar mais essa. O sol queimava a pele de qualquer cristão quando desembarcamos num estacionamento sob a sombra de uma frondosa Algaroba, uma das poucas árvores que resistem de pé à seca nordestina. Prevenidos, nos untamos de generosas porções de protetor solar fator 50! Afinal, a viagem estava apenas começando.

A poucos metros da Van da Samila Tours, um braço de mar, que tem nome de rio mas não consegue enganar ninguém com a sua cor verde-atlântico. Um barquinho para 8 pessoas mal acomodadas em bancos sem encosto nos aguardava com seu letreiro gritando no casco "Deus Te Amo". Não tem como não dizer que a paisagem não é das mais belas: o mar esverdeado trocando às vezes para um azul claro, dunas alvíssimas com vegetação de um verde quase preto, ilhotas coberta de vegetação, mangezais e montanhas de sal bruto.

Salina
Aliás, a salina impressiona. As dunas de sal chegam, segundo o nosso guia, a 10 metros de altura. Não tivemos como comprovar tal magnitude, já que o barco passa a uma boa distância destes gigantes brancos. Também foi uma pena não termos experimentado aquelas águas, que de tão salgadas quase não permitem que qualquer corpo afunde. "Dizem que é quase como o Mar Morto", comparou Jardeliusson, com a certeza de quem nenhum sabidinho iria contrariá-lo.

A travessia até a chamada Praia do Capim dura pouco. O mar estava calmo e nem carecia de qualquer Dramin para evitar enjôos. Sentamos na proa do barquinho, confiando que ali seria o melhor lugar para fotos. Fora alguns respingos de água salgadíssima, e do horário inadequado que tinge tudo de sombra, as fotos valeram a pena De longe, já avistamos as dunas e o que pareciam pipas fazendo acrobacias no ar. Mais de perto, vimos que eram as Kites dançando ao vento forte que faz das praias do Rio Grande do Norte locais ideais para quem curte o Kite Surf.


GALOS, GALINHOS



Houve um momento, quando os ponteiros do relógio começaram a se aproximar do horário combinado - 7h do dia 21 de novembro -, que pensei ter caído no conto do tour para Galinhos. Habituada à pouca habilidade dos natalenses no que se refere ao cumprimento de horários, minha amiga Graça me sugeriu telefonar para lembrá-los de que nós estávamos naquele passeio de um dia pelas praias da península de Galinhos, no Litoral Norte. Sem pestanejar, obedeci. Do outro lado da linha, uma voz sonolenta me garantiu que a Van chegaria em pouco tempo e que houvera um contratempo. Menos mau, ainda teríamos um tempinho para um bom pedaço de tapioca fresca. 

De mala e cuia, descemos quando  interforne anunciou a chegada da Van. Um jovem corpulento e de pele cor de jambo se apresentou como guia e motorista desta nossa aventura. Muito prazer, Jardeliusson, mas podem me chamar de Jarda, disse o rapaz sorridente. Depois que me aboletei num dos bancos junto com cariocas, duas argentinas e um casal de paulistas, imaginei as agruras que seria para mim ser guia turístico, cuja obrigação primordial é ser eternamente simpático até com os clientes mais ranzinzas.  O ar-condiocinado da Van travava uma luta inglória com o calor, que teimava em fazer subir a temperatura ambiente para próximo dos 30 graus. Tratei de improvisar uma ventarola rápida.

Subimos a ponte estaiada Newton Navarro, não sem antes ouvirmos as piadas do Jardeliusson sobre o estado de miséria em que se encontra a cidade e, de quebra, também sobre os escombros do outrora glamouroso Hotel dos Reis Magos, na Praia do Meio. Por alguns instantes, me veio à memória a época dos Bailes  do Hawai que aconteciam sob aquele teto, quando o high-society natalense fazia pose para aparecer bem nas colunistas sociais. E o filho adolescente do gerente tinha que segurar as pontas dentro de um sarong vermelho, saint-tropez demais para aqueles anos 60 numa cidade que não tinha nem 500 mil habitantes!

Sacolejamos por uns 40 minutos até que a Van parou.Num acostamento, junto a uma cerca de arame farpado de um terreno, que era o cenário perfeito para um remake do filme Vidas Secas, um senhor mostrava aos poucos turistas como era produzida artesanalmente a castanha do caju. Esperto, aproveitava para vender por 2 reais um saquinho mixuruca de castanhas. De dó, comprei um, mas logo fiquei sabendo que do outro lado da estrada uma barraquinha comercializava o mesmo pacotinho pela metade do preço. Só o Marketing explica.




domingo, 18 de novembro de 2012

NATAL, SAUDOSA MALOCA - PARTE I



Praias de Areia Preta e do Meio

Natal cresceu, ganhou novas ruas, praças, bairros, avenidas e até arrumaram um jeito de dar nome a praias onde antes era só oceano. Coisas da especulação imobiliária, que gerou também inúmeros edifícios altíssimos, com gente vivendo no trigésimo andar, com ar-condicionado dando temperatura sulista à paisagem que lá embaixo une o Potengi ao Atlântico.  Por obra de algum santo milagreiro, ainda há muitas casas gostosas, com alpendres maravilhosos que remetem à minha infância. Fico imaginando até quando vão resistir à grana que ergue e destroi coisas belas nesta "Saudosa Maloca"."Tá vendo aquele edifício alto? Era uma casa velha, um palacete assobradado..." 

Voltar definitivamente depois de 40 anos de metrópole é uma idéia que, às vezes, me passa pela cabeça. Talvez essa minha longa estada em Natal sirva de test-driver. Há prós e contras, ambos na mesma proporção. Apesar de toda febre de crescimento acelerado, a cidade ainda permite regalias inimagináveis para uma Sao Paulo. Sempre digo que aqui se faz em uma hora o que em Sao Paulo se faz em um dia. Sem congestionamentos e com (ainda) muitos lugares para estacionar, torna-se fácil ir de um lado para outro e concluir tarefas sem estresse. Aliás, essa palavra praticamente  inexiste por aqui.

O outro lado da moeda é que quase não há nada para se fazer, em termos culturais e de divertimento. Um show de um cantor local ali, um ballet acolá e uma peça que todo mundo já cansou de ver no teatro Alberto Maranhão. O marasmo existe e quem ainda está na fase das baladas fica na frustração.  Por já ter virado esta página da minha vida, não me faz tanta falta essa coisa de balada, nem procuro saber. Já vi e fiz tudo que tinha de ver e fazer em São Paulo e por outras plagas por onde andei além-mar. Quando as coisas parecem se repetir é hora de deixar que os mais novos curtam como novidade aquilo que pra mim é antigo. 

... tá vendo aquele edificio alto? Era uma casa velha...
LUXO DE NOVELA

Sim, há cinemas nos shoppings, que, aliás, são o orgulho dos natalenses e para onde vão exibir suas roupas de grife. Com dinheiro sobrando, por não ter onde gastar em divertimento, o povo consome tudo que vê na novela das 9 e imagina que se use nas ditas cidades grandes, Rio e SP. São bandos de mocinhas e outras nem tanto, com shortinhos curtíssimos e sandálias altíssimas, cobertas de quaquer coisa dourada, se mostrando umas para as outras. "Oh, look at all the lonely people", ja diziam os Beatles. Essas mesmas senhoras e moçoilas abandonaram suas confortáveis casas térreas para ocupar,  em arranhacéus, apartamentos com piso de mármore, banheiros com hidromassagem e outros luxos de novela.

Apesar das salas Cinemax dos shoppings, o que se vê naquelas telonas são filmes extremamente comerciais, tipo arrasa-quarteirões. Quem curte filmes europeus, canadenses, iranianos ou mesmo argentinos fica sonhando com as próximas férias numa metrópole. Nisso, o cenário é exatamente igual ao da minha adolescência:  filmes de arte só nas cidades grandes. Quem tem habilidade e banda larga, tenta baixar estas produções na internet, por que se for esperar pelas locadoras está perdido. Apenas uma, onde outrora foi o prédio do mercado, guarda preciosidades vindas de algum lugar.

A cidade, como há  mais de 40 anos, dorme por volta das 22 horas. Nas, ruas, um ou outro automóvel voltando de alguma visita, e ninguém a pé para fazer figuração neste filme noir. Há quem diga que na altíssima temporada, a cidade é agitada...  Tento acreditar. Porém, para quem já viveu mais de 60 anos, amaior parte deles em SP, este silêncio é providencial. Bom para dormir e adequado para comecar o dia por volta das 5 da manhã, quando se é acordado pelo calor do sol batendo na sua cara.

CAMINHO INVERSO

Minha irmã está tentando fazer o caminho inverso. Depois de aposentada, alterna temporadas em Natal com outras em São Paulo entremeadas com viagens com amigas ao Exterior. Já meu irmão, ainda trabalhando como professor universitário, abandonou o cigarro e dedica-se a caminhadas e corridas pelas ruas semi-desertas do bairro onde mora com a esposa numa confortável casa com piscina e elevador (???). No domimgo seguinte à minha chegada, fomos almoçar numa peixada na Ponta do Morcego, em frente à Ladeira do Sol. Colocamos o papo em dia e evitamos falar em investimentos, assunto que sempre nos leva a grandes discussões, porque temos opiniões totalmente diferentes e divergentes sobre como usar nosso dinheiro.