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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

GALOS, GALINHOS



Houve um momento, quando os ponteiros do relógio começaram a se aproximar do horário combinado - 7h do dia 21 de novembro -, que pensei ter caído no conto do tour para Galinhos. Habituada à pouca habilidade dos natalenses no que se refere ao cumprimento de horários, minha amiga Graça me sugeriu telefonar para lembrá-los de que nós estávamos naquele passeio de um dia pelas praias da península de Galinhos, no Litoral Norte. Sem pestanejar, obedeci. Do outro lado da linha, uma voz sonolenta me garantiu que a Van chegaria em pouco tempo e que houvera um contratempo. Menos mau, ainda teríamos um tempinho para um bom pedaço de tapioca fresca. 

De mala e cuia, descemos quando  interforne anunciou a chegada da Van. Um jovem corpulento e de pele cor de jambo se apresentou como guia e motorista desta nossa aventura. Muito prazer, Jardeliusson, mas podem me chamar de Jarda, disse o rapaz sorridente. Depois que me aboletei num dos bancos junto com cariocas, duas argentinas e um casal de paulistas, imaginei as agruras que seria para mim ser guia turístico, cuja obrigação primordial é ser eternamente simpático até com os clientes mais ranzinzas.  O ar-condiocinado da Van travava uma luta inglória com o calor, que teimava em fazer subir a temperatura ambiente para próximo dos 30 graus. Tratei de improvisar uma ventarola rápida.

Subimos a ponte estaiada Newton Navarro, não sem antes ouvirmos as piadas do Jardeliusson sobre o estado de miséria em que se encontra a cidade e, de quebra, também sobre os escombros do outrora glamouroso Hotel dos Reis Magos, na Praia do Meio. Por alguns instantes, me veio à memória a época dos Bailes  do Hawai que aconteciam sob aquele teto, quando o high-society natalense fazia pose para aparecer bem nas colunistas sociais. E o filho adolescente do gerente tinha que segurar as pontas dentro de um sarong vermelho, saint-tropez demais para aqueles anos 60 numa cidade que não tinha nem 500 mil habitantes!

Sacolejamos por uns 40 minutos até que a Van parou.Num acostamento, junto a uma cerca de arame farpado de um terreno, que era o cenário perfeito para um remake do filme Vidas Secas, um senhor mostrava aos poucos turistas como era produzida artesanalmente a castanha do caju. Esperto, aproveitava para vender por 2 reais um saquinho mixuruca de castanhas. De dó, comprei um, mas logo fiquei sabendo que do outro lado da estrada uma barraquinha comercializava o mesmo pacotinho pela metade do preço. Só o Marketing explica.




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