Vendedor de frutas |
Não tenho explicação. Saí de Istambul reclamando do comércio ambulante e do trânsito, chego em Bangkok e me vejo no meio de centenas de barraquinhas de comida abarrotando as calçadas, sem qualquer planejamento ou fiscalização da saúde pública. E o trânsito coloca qualquer Marginal Pinheiros às 19h no chinelo. Mas, algo no ar - além da poluição - me envolve numa magia que só os budistas podem explicar. Apesar da desorganização, o comércio não é nada agressivo, é leve, sereno, nao se buzina, como fazem os turcos, mesmo quando um carro para no meio da rua atrapalhando o trânsito. Como diz o Fernando, "é outra pegada". Tudo se resolve com um sorriso aberto.
Mas, para chegar nestas terras que já foram o Sião, quase perco a conta das horas de vôo que tive de enfrentar. Lembro que saí de Istambul às 14h24 e cheguei no aeroporto de Abu Dahbi às 20h30. A companhia de aviação, Etihad, é recomendável. Peguei a poltrona de número de 17-janela. Mas, o avião estava com vários assentos vagos e aproveitei para mudar para a fileira que tem na frente a parede do WC. É muito mais confortável, dá pra esticar as pernas e, sorte minha, não tinha ninguém ao lado. Pude me esparramar como quis e só tive de suportar o choro de uma criança na fileira do lado. O mais curioso da Etihad é que na decolagem eles fazem uma oração em árabe, provavelmente, pedindo proteção a Ala. Mal não vai fazer, pensei...
Aeroporto de Abu Dahbi |
O aeroporto de Abu Dahbi é enorme, mas sem qualquer charme. Muito pelo contrário: a chatice de ter de passar pela revista de bagagem toda vez que se ultrapassa um terminal, é, de certo modo, irritante. Como tinha que pernoitar ali, corri para o terminal 1 para tentar um quarto no hotel bacana que funciona dentro do aeroporto. A recepcionista, com sorriso nos lábios me informou que estava tudo lotado. Não havia outra alternativa para mim - e para dezenas de outros passageiros em trânsito também - senão me acomodar numa das poltronas do lounge. Aproveitei para observar as pessoas, não sem antes adiantar 1 hora sobre o horário de Istambul.
Um grupo enorme de passageiros que ia para o árido Rhiad deixava o ambiente como uma cena de filme bíblico. Todos usavam aqueles camisolões de tecido leve e de cores claras. Nos pés, invariavelmente, sandálias de couro. Desacostumados, os coitados estavam morrendo de frio dentro das batas. Enquanto os termômetros marcavam temperatura de 28 graus lá fora, dentro do aeroporto o frio chegava aos 10 graus! Prevenido (e bem informado) que sou, saquei da minha maleta meu moleton forradinho e fui tentar conciliar o sono numa poltrona. Afinal, meu voo sairia no dia seguinte às 8h30. E saiu mesmo
Um comentário:
O sorriso desse menino já diz tudo sobre a leveza do comércio em que tudo se resolve com um sorriso....
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