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quarta-feira, 3 de julho de 2013

A COISA QUASE FICOU RUSSA



Estava certo. Minha pesquisa no google me dizia que haveria no saguão do aeroporto um guichê oficial para serviço de taxi. Até o preço conferia.

Como no Brasil, tive de atravessar um corredor polonês de taxistas clandestinos oferecendo seus serviços. Nyet, para todos eles que ainda fizeram cara de mau quando me viram me dirigindo para o guichê dos taxis oficiais.

A volumosa atendente me entregou um voucher indicando com o dedo o valor da corrida: 900 rublos, ou seja, cerca de 22 euros. Enquanto aguardava o taxi fiquei admirando o céu azul-claro com manchas alaranjadas, como se a qualquer momento o sol fosse despontar no horizonte. É o fenômeno chamado Noites Brancas, quando a claridade do dia se prolonga noite adentro, mesmo o relógio marcando 1h45 da madrugada.



A COISA FICOU QUASE RUSSA

O taxista corpulento e de nenhuma prosa, posto que só falava russo e mais nada, colocou o endereço no GPS e mergulhou na noite clara da ex-Leningrado. Rodamos uns 15 minutos, quando ele embicou o carro num pátio interno escuro de um prédio. Perguntei - menos por necessidade e mais por medo - se havíamos chegado.

O corpulento resmungou, gesticulando o que reduzi significar que ele não sabia ao certo se ali era o endereço. Fui rápido, antes que ele me abandonasse naquele beco escuro, sem telefone: entreguei-lhe o numero do celular da dona Lubova e fiz aquela antiga mímica da mão em forma de telefone no ouvido.

Torci para que minha anfitriã atendesse. Nunca alguns minutos demoraram tanto tempo. Ela atendeu e veio me resgatar.

LUBOVA CHIPENKO


Tem situações que só rindo. Lubova, toda sorrisos, desembestou a falar em russo, como se eu fosse um antigo camarada dos Balcãs.  Aturdido, eu só fazia assentir com a cabeça, como se aquilo adiantasse algo.

Segui-a pelo pátio somente iluminado pelo falso lusco-fusco das Noites Brancas. Subimos dois lances de escada. Uma antiga e enorme porta de madeira anunciava com o numero 12 que era ali o apartamento de dona Lubova. Deu duas voltas na velha fechadura e a porta rangeu abrindo-se para uma ante-sala desarrumada.

Se tem um cenário mais parecido com um peça russa, aquele apartamento era ele. Duas poltronas de veludo vermelho desbotado, ladeadas por duas estantes longilíneas de madeira escura. O piso ripado de madeira reproduzia um som oco a cada passo sobre ele.


Tentamos chegar a um consenso linguístico. Ela entendia algumas palavras de alemão e outras menos de inglês. O resto seria resolvido na mímica.

Em tempo: usei o  www.airbnb.com para escolher a acomodação, geralmente cara na cidade. Apesar da simpatia da dona, desaconselho qualquer pernoite no apartamento da dona Lubova. Espartano demais para o meu gosto.


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