O melhor ângulo do Riad do Amine |
Ninguém escapa dos espertos. Marrakech não iria quebrar a regra. Mal surgimos na área dos táxis, logo veio um taxista pegando nossas malas. Com sinceridade, dissemos que ficaríamos em endereços equidistantes 3 quilômetros um do outro e que um desceria e o outro prosseguiria. Nada mais normal, previsível, dentro da lógica ocidental, pelo menos.
Desenrolando um inglês precário, o marroquino determinou que pagaríanos 150 dirhan (DH) cada um, o mesmo que desembolsaríamos se fôssemos em 2 taxis diferentes. Tentamos contra-argumentar e ele apontou para uma placa onde, em árabe, se detalhavam os valores da tarifa. Claro, não éramos árabes, portanto, presas fáceis.
Entramos no táxi com a cara de quem comeu e não gostou. Fazer o quê. Rodamos uns 20 minutos e meu amigo Neri desembarcou no que seria a entrada do Riad Aladdin. Confesso que temi pela integridade física do meu amigo, mas confiei na sua sorte.
O mesmo ele deve ter sentido por mim, ao ver o táxi me carregando becos a dentro pela noite marroquina. Se o Riad dele era mais conhecido, o meu localizava-se num local tao complicado que o taxista esperto teve de ligar do celular para o Amine, dono do meu Riad.
Árabe pra cá, frances pra lá, o fato é que o taxi parou na beira de um beco mal encarado e o motorista resmungou que o Amine viria ao nosso encontro. Por sorte, era verdade.
RIAD OU PUXADINHO
Preciso explicar que Riad (ou Ryiad) no Marrocos corresponde, grosso modo, ao que conhecemos como pousada. Algo entre hotel e pensão, com um perfil mais familiar, um átrio com pequeno jardim e/ou fonte, acolhedor, cheio de charme, alguns com propostas alternativas. A tarifa entra no pacote como diferencial, puxando o preço para baixo.
Como venho fazendo desde o inicio das minhas viagens no ano passado, a minha escolha leva em consideração as opções listadas no site Airbnb.com. Sempre confiei, testei varias, sempre com absoluto contentamento em todos os países visitados ou morados. Serviço irrepreensível ate o momento.
Amine, um muçulmano com jeito de cantor jamaicano de Reggae, tem 28 anos e se declara virgem convicto. Cumprimentou-me com sorriso largo dizendo ter me esperado no aeroporto por mais de 2 horas. Acreditei por acreditar. Àquelas alturas isso não tinha a menor importância.
Entramos no Riad. Era noite alta e dois rapazes se aninhavam em sofás de alvenaria numa pequena sala emoldurada por arcos e rosetas de gesso. Subi uma escada estreita adornada com os famosos ladrilhos marroquinos. Amine na frente anunciava o primeiro andar como sendo o do meu quarto.
Abriu-me a porta decorada com losangos coloridos apontando para uma cama coberta com colcha colorida. Era ali onde eu tentaria conciliar o sono, driblando o calor noturno de 43 graus. Reclamei e Anime se surpreendeu, mas mesmo assim fez a gentileza de sair no meio da noite para comprar um ventilador.
No dia seguinte, coloquei minhas roupas de volta na mala e pedi que me chamasse um táxi. Aleguei que precisava de wi-fi para enviar os meus relatos e que pressentia que adoeceria dormindo com o ventilador pregado no rosto. Gentil, mas algo decepcionado, meu anfitrião acompanhou-me até o Riad Aladdin.
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