Mulheres descascam a castanha argane para produção de cosmético ou azeite para culinária |
Casa de Yves Saint Laurent, nos Jardins de Majorelle |
Faz bem salientar que existem duas Marrakesh. A que está mais próxima da Medina e, portanto, do nosso Riad, é a mais típica, com lojinhas de temperos, mesquitas e os famosos minaretes de onde se chama a população para as cinco rezas diárias, a primeira perto das 4 da madrugada. Ha quem se irrite, eu acho que faz parte deste mundo exótico, diferente na cor, na fala, nos costumes, nos odores.
Nesta região, o trânsito é - para olhos desacostumados - um caos a qualquer hora do dia. Táxis (baratos, mas sem taxímetro, valendo a negociação em francês, claro), disputam espaço com motos, bicicletas, carroças, charretes para turistas, ônibus de excursões, minivans. O pedestre se vira como pode neste vale-tudo. Semáforos são artigos difíceis de se encontrar. No fim, todo mundo se entende e não se vê um acidente. É a organização do caos.
A outra Marrakech é mais comportada. As avenidas são largas, com semáforos para pedestres, as ruas são arborizadas, há fontes dos cruzamentos, num paisagismo que não se limita às palmeiras. É nesta região que estão os famosos Jardins de Majorelle, assumidos e recuperados pelo casal Pierre Berger e Yves Saint Laurent, cuja morte ensejou seu companheiro a transformar sua casa e jardins em uma fundação. O Museu Berbere lá dentro é o que há de mais espetacular.
Cafés modernos |
É o bairro Gueliz, com as lojas Zara, Mango, lanchonetes KFC, MacDonalds, barzinhos, cafés modernos e restaurantes. Para amenizar o calor, restaurantes usam ventiladores dotados de vaporizador de água. Às vezes, resolve. Não há lugar para burcas, a juventude com roupas bem ocidentais parece ter outro entendimento sobre as regras do Alcorão. É a modernidade além das muralhas da Medina.
ESSAOUIRA OU MOGADOR
Eu vinha com o nome Essaouira na cabeça desde que inventei de vir para o Marrocos. Muito por influência de dicas de amigos e pesquisa na internet do que por qualquer outra coisa. Ou teria sido a sonoridade da palavra?
Assim que cheguei procurei um tour com destino a esta cidade litorânea. Às 8h da manhã, do dia 12/08, bateu na porta do Riad um senhor com os nossos nomes nas mãos. Era um funcionário da agência na qual o gentil Ahmmed havia nos inscrito para a viagem de um dia a Essaouira ao preço de 30 euros, cada um.
Aldeia no caminho para Essauira |
Depois de algumas trocas de vans, pegamos uma excelente estrada de quatro pistas ( duas em cada mao de direção), pela qual viajaríamos 170 quilômetros ate Mogador, nome que os conquistadores portugueses batizaram a marroquina Essaouira. Pelo caminho em direção ao Atlântico, cruzamos com placas indicando a direção da famosa Casablanca.
A primeira parada foi no meio do trajeto. A van com 17 passageiros saiu da estrada para estacionar na frente de algo que pensei ser um restaurante. Quando o motorista abriu-nos a porta, uma lufada de ar de 46 graus invadiu a interior do mini-ônibus refrescado por um ar-condicionado decente.
Saímos meio tontos, usando qualquer coisa como abano. No meu caso, a aba do boné. O local, além de banheiros, era uma espécie de show-room de produtos feitos à base de Argane, uma castanha oleaginosa comum na região e que tanto vira azeite para culinária como cosmético milagroso. Prato cheio para a vaidade humana. Comprei quase meio litro (!).
Porto de Essauira, com explícita arquitetura portuguesa |
Por ser bafejada pelos ventos do Atlântico, o calor de Essaouira é perfeitamente suportável, chegando a uns 28 graus. Tem uma atmosfera agradável, cheiro de peixe e muitas, lojinhas com artesanato local, que enche os olhos do mais empedernido não-consumista. Acabei sucumbindo: comprei uma bela echarpe de seda e cashemira.
Demos uma volta pelo porto, admirando a arquitetura portuguesa, vestígio da época em que a cidade ficou em mãos lusitanas. Naquela época, Essaouira foi batizada de Mogador. Tudo muito simpático, com levas de turistas diferenciados. Mas, a praia da cidade consegue ser pior do que a mais horrenda praia brasileira. A água tem cor de barro e a areia é escura. Olhando para aquilo, pensamos que o piscinão de Ramos é até atraente…
Vendedor de loja na fortaleza de Essauira |
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