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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

VOO RUMO A MARRAKESH


Mulheres descascam argane
Como em toda cidade europeia, o aeroporto de Bruxelas tem léguas de esteiras rolantes, que percorremos a passos largos para nos certificarmos que o voo sairia no horário previsto: 15h35. Era o que mostrava o quadro luminoso do portão B14.

Certos de que nada serviriam à guisa de almoço na aeronave da Brussel Airlines, nos fartamos de saladas verdes, sanduíches e sucos servidos numa lanchonete já dentro da ala de embarque, depois de termos nossos passaportes devidamente carimbados pela policia de imigração.

De barriga cheia, aguardamos a chamada para embarque. Atrasada, a tripulação de solo anunciou o voo com 10 minutos de atraso. Sem estresse, afinal faz parte. Novamente nos sentamos na primeira fila após a executiva, eu com um marroquino gordo dividindo o braço da poltrona. A sorte, às vezes, falha. No worry, be happy.

A aeronave iniciou os movimentos de taxiamento. Cintos afivelados, eletrônicos desligados e todos se preparam para o alçar voo do aeroplano. Passam-se minutos e nada. Meu amigo Neri dormita, sem se dar conta de que um problema técnico nos obrigaria a trocar de avião. Os avisos em flamenco e em frances me deixaram "un peau" a ver navios. Em inglês, pedi ao meu companheiro de poltrona que me traduzisse a novidade inusitada.

CHÁ DE CADEIRA

Com caras mal dormidas e indubitavelmente cansadas, nos dirigimos para a sala de embarque B82. Uma oriental com jeito de pintora abstrata, mecha branca nos cabelos com piranha, entabula uma conversa interminável com um senhor de ralos cabelos brancos, que supomos ser seu marchand. Ou seria mecenas? Nestas horas, um pouco de fantasia ajuda a afastar neuras.

Cerca de 20 minutos se passam até que alguém da tripulação nos convida a retomar ao voo 3841. Alivio geral. A oriental aproveita para descolar um café para seu suposto marchand, enquanto nos dirigimos para nossa nova aeronave. Os mesmos assentos, mas uma surpresa: não havia mais divisão entre classe executiva e a tal B-Flex. Somos todos iguais nesta noite, bradaria Ivan Lins.

BOA NOITE, MARRAKECH

Tentei em vao recuperar a noite insone. O marroquino corpulento ocupava mais do que podia e muito mais do que eu desejava de sua poltrona. Abri meu livro eletrônico e me deixei levar pelo romance  1Q84, de Haruki Murakami, baixado  pela Amazon no meu app Kindle.

Duas horas e vinte minutos depois, anunciaram que a aeronave começaria os procedimentos de aterrissagem. Dei graças a Deus e a Allah. Não que a viagem tenha sido de todo desagradável. Mas, desembarcar dá um certo alívio, sobretudo para quem não consegue pregar o olho, como eu. E não imagina o que o espera...

O impacto do bafo quente me deixou tonto quando desci os primeiros degraus da escada do avião. A sensação é semelhante a de quem passa a um metro de uma fornalha fumegante. Pior é que a gente quer acreditar que aquele calor é passageiro e que dali a pouco tudo volta ao normal. Ledo engano. A noite marroquina é um forno de 43 graus centígrados que esbafora qualquer um sem dó nem piedade.

Badia Palais


Passamos por uma porta que nos abriu o salão de controle de passaportes. Como sempre acontece, a nossa fila é a mais demorada. O aeroporto consegue minimizar o forno marroquino com um bom ar-condicionado, mas não consegue reduzir o tempo de espera para se ter o passaporte carimbado: foram quase 2 horas na fila testando a nossa paciência.


Somando o atraso da falha mecânica em Bruxelas com a lentidão na imigração, é claro que o Amine, que ficou de me buscar, já não mais estaria no saguão do aeroporto com aquela plaquinha com meu nome. Ok, vamos ser práticos. Trocamos cada um 50 euros por 510 denares e fomos para o ponto de táxi, ambos segurando os nossos indecifráveis endereços em Marrakech.

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