Meu anfitrião, sr. Ketut e família |
Infelizmente, para mim, a escuridão da noite é um mistério doloroso. Tudo adquire outras formas, contornos, significados mutantes. Por isso, da minha primeira impressão noturna de Bali fica apenas a visão agradável do meu quarto estilo balinês moderno.
Uma varadinha, contornada por paredes revestidas de bambus e decorada com móveis balinenses, dá para um quarto de 2 camas de solteiro.
Um ventilador de teto branco combina com os lençóis alvíssimos sobre os quais deitaram graciosas flores naturais, iguais as usadas à exaustão em Bora Bora, na Polinésia francesa. Tudo muito Ok para uma tarifa de 20 dólares com café da manha servido na varanda do quarto. Uma ducha revitalizante e uma cama gostosa me caíram mais do que bem na minha primeira noite sob o céu de Bali.
BOM DIA, BALI
"Good morning, sir. Breakfast!!" , foram as primeiras vozes femininas na minha primeira manhã balinense. Era o meu café da manhã que o senhor Katut, gerente da casa, me prometera, com toda a gentileza nativa na noite anterior, me pedindo para escolher o que constava de um menu básico.
Sobre a mesinha na varanda, ao lado de um pequeno arranjo de flores vermelhas e amarelas: uma tigela com mamão, melão, melancia e abacaxi, cortados em cubos Num prato, ovos mexidos, duas fatias de pão de forma. Perguntei pelo café e a moça apontou para um pote de vidro com um pó escuro dentro. Vendo minha cara de espanto, ensinou-me a fazer o dito "café Bali": colocam-se duas colheres das de chá do pó na xícara, adiciona-se água quente, mexe-se, e o café está pronto para receber açúcar e ser ingerido.
O gosto não é dos piores e é muito superior ao café servido nos bares norte-americanos. O segredo é deixar o pó baixar e curtir uma forma culturalmente diferente de fazer café. Afinal, quem disse que o nosso método é o mais correto????
BALINICES
Estátuas de deuses nos cruzamentos |
Embora o idioma nacional seja o indonésio, praticamente cada ilha - e elas são milhares - tem sua língua própria, o que faz do país uma Torre re Babel. Avisos são escritos na lingua oficial, porém, a conversa entre balinenses vai ser sempre em balinês e não em Bahasa (indonésio). O país é uma república presidencialista que amarga a posição preocupante de número 121 no IDH da ONU.
Bali é uma ilha com 80% da população hindu, rodeada de muçulmanos por todos os lados. Talvez por isso, seja considerada liberal demais em relação aos padrões morais do restante da Indonésia. Apesar de também terem de rezar três vezes ao dia, de permanecerem virgens até o casamento, os balinenses não levam isso muito a sério.
Tanto é que o governo tenta impedir uma provável explosão demográfica, limitando o numero de filhos a apenas 3, sendo 2 o modelo ideal. Porém, alguns mais afoitos burlam essa regra, principalmente se os primeiros rebentos forem do sexo feminino. O patriarcado considera útil o nascimento de filhos homens para ajudar os pais nas tarefas mais pesadas.
Às mulheres, em geral, cabem os serviços caseiros e a confecção dos arranjos para as oferendas. E em qualquer ocasião, grupos de homens e grupo de mulheres devem estar separados. Apesar deste ranço machista, já é comum se verem mulheres guiando motocicletas e fazendo atendimento em lojas.
Templos por toda a cidade |
Mesmo com algumas modernidades inevitáveis, é muito forte a presença da religiosidade na cidade. Incontáveis templos domésticos, dependendo da sua grandiosidade, dão a medida da conta bancária dos donos. Ou seja, quanto maior o templo, mais dinheiro o proprietário tem, ou quer demonstrar tê-lo. O governo incentiva a manutenção da estética tradicional balinense aliviando a carga tributaria de quem seguir os padrões arquitetônicos e culturais do país, mas não faz o mesmo para os templos particulares.
A influência ocidental substituiu, em parte, os tradicionais udangs (pequeno turbante usado pelos homens) e sarongues por camisetas, bonés, jeans, bermudas. Um pouco como as baianas de Salvador, a tradicional vestimenta é mais usada por quem trabalha em locais turísticos ou pela população de pequenos vilarejos, onde a tradição ainda resiste.
No entanto, mesmo para os turistas (homens ou mulheres), quem pretende entrar nos locais considerados sagrados ou em templos públicos deve trajar um sarongue e uma faixa na cintura, que são emprestados nos portões de acesso, em troca de alguma "doação" espontânea.
Os balinenses hindus tem suas crenças e superstições, geralmente ligadas à natureza. Em conversa com o senhor Katut, ele me contou que se o Kego, um lagarto típico da mata local, "cantar" , significa que o que se está falando é verdade. Ja o canto de um pássaro, que lembra um murmúrio, revela um me
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