Nasci num país tropical, com matas, florestas e tudo que advém delas. Mas sou um bicho urbano. Portanto, insetos, répteis e qualquer animal silvestre, dos menores aos médios ( para não falar dos grandes! ) não fazem parte do meu ciclo de amizades. E a Indonésia abriga uma fauna, que tem nada menos do que o Dragão de Komodo, um lagarto gigantesco e horripilante, como uma das suas atrações turísticas.
Uma coisa é saber, ler, ouvir falar, ver na TV. Outra é fazer parte deste filme, do qual os protagonistas são rastejantes, lagartixas quase minidragões e ratos, entre outros coadjuvantes tao simpáticos quanto. Pior, para mim, é que não se deve matar sequer ratos. No maximo, meu anfitrião providencia uma cola na qual eles ficam grudados e pela manha são liberados e devolvidos vivos à mata.
Nas primeiras duas noites, o chalé era de alvenaria com teto de palha trançada. Tudo maravilha, nem um pio menos desconhecido. A terceira noite já foi no belíssimo chalé estilo balinês: teto de palha ripada, piso e paredes de madeira com caibros de bambu. Perfeito, não fosse estar praticamente dentro da mata.
Fascinado pelo cenário deslumbrante, dormi pesado, desfrutando as delicias de uma cabana de luxo. Na noite seguinte, os sons da floresta se fizeram presente, alguns assustadores, parecendo estar a poucos metros de sua cama. E estava. Um baque no assoalho de madeira, me despertou para a presença "singela" de um senhor ratão.
Mesmo não tendo medo, a simples presença de um bicho que pode ousar subir na cama, deixa qualquer um assustado.
Bom, vamos relaxar que sou mil vezes maior do que ele e, com certeza, será ele quem vai fugir de mim. Claro, esta dialética, só baixou em mim porque não havia outra saída.
Oferenda aos deuses, colocadas na calçada das casas e lojas |
Sentado na cama, vi o visitante indesejado tentado passar por uma brecha da porta do banheiro. Fiz o que minha razão aconselhou: assustei-o com uma batida forte no piso de madeira. Ele correu e eu abri a porta do banheiro.
Desesperado, aparentemente mais do que eu, o ratão correu, passou pela porta do banheiro e, como um maratonista, subiu em segundos para o lavatório, e dali fugiu por uma fresta entre o belo telhado e a parede. Fechei a porta e fui dormir, com a certeza de que, pelo menos, naquela noite não receberia outro hospede daquela espécie.
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