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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

MULTICULTI


A Volkshochschule, onde estudo, na Barbarossastrasse
Se fosse há algum tempo, eu me irritaria; mas hoje tiro de letra e até me divirto com o chamado "multiculti" da minha classe de alemão. Que eu me lembre, tem gente do Ajerbadjão, Ilhas Canárias, Myamar, Indonésia (Bali), Coreia do Sul, Espanha (Madri, Barcelona, Andaluzia), Estados Unidos, Grecia,  India, Colômbia, Kosovo e somente eu do Brasil. A maioria já mora em Berlin; somente três são turistas, eu entre estes.

Como é normal, na primeira aula, todos se apresentam e colocam sobre a mesa uma placa com seu nome. Alguns são quase impronunciáveis, como o da sul-coreana e da moça de Myamar. Sentei-me na primeira carteira do semi-círculo para poder enxergar melhor o que será escrito na lousa. Sim, a escola não tem absolutamente nada de moderno, tanto que a professora Sophia usa até retroprojetor, que pensei que nem mais se fabricasse. O prédio da Volkshochschule (ao pé da letra: Escola Superior do Povo) é lindo, antigo, e tem umas colunas internas maravilhosas. Berlin sabe misturar muito bem construções arrojadas com prédios de arquitetura antiga.

Detalhe da fachada  da Volkshochschule
Ao meu lado, senta-se a Fabi, que é de Bali, casada com alemão, com quem tem 2 filhos. Morena, baixinha, muito simpática, mas com uma péssima pronúncia. Aliás, esse é um problema da maioria. Mesmo morando na Alemanha, ouvindo os maridos ou esposas falarem, e cursando já o B2, a pronúncia ainda pede socorro. As causas são várias mas a que fica mais exposta é que, passam-se os anos e nas salas de aula de ensino da língua alemã a queixa é a mesma: é difícil fazer amizade com os alemães. É incrível que mesmo com todas as campanhas em prol da tal "multiculti" e da aceitação da diversidade em todos os seus tons, a alemãozada ainda resiste.


Perguntei à professora Sophia se a mistura cultural havia influenciado o idioma alemão e ela disse que não quando se trata de "Hochdeutsch", ou seja, do idioma-padrão falado na mídia. Segundo ela, talvez os jovens, que convivem há anos com turcos, árabes e outros estrangeiros, tenham adotado alguma expressão mais particular. O que se nota com muito mais peso é o anglicismo. Cada dia mais se usam termos em inglês, como News, no lugar do equivalente em alemão. Eu mesmo tenho percebido muito essa invasão anglo-americana em terras linguísticas germânicas. Ou seria no mundo todo? 

O VERDE QUE ME HABITA

O curso começou nesta segunda e vai até sexta em duas semanas. Como escrevem os alemães: 2xMo-Fr. Hoje, fiz academia até as 11h30 e depois peguei o metrô para descer 2 estações depois na Eisenacherstrasse, que vai dar na frente da escola. Decidi almoçar numa cantina que anunciava almoço executivo por 7,50 euros. Não é o preço mais baixo para este prato; no meu outro endereço, já cheguei a pagar 5,70 euros por uma comida no capricho. Já percebi que o preço vai daí até 9 euros,  como num restaurante bacana aqui bem perto de casa. A gente sempre arredonda ou deixa gorjeta em torno dos 10% do valor. Conclusão: em media, 10 euros por um almoço legal!

A rua-praça Schlesischstrasse
Depois da aula, entrei por uma rua, que é tão cheia de árvores e grama que eu chamaria de rua-praça; no fim dela, a Igreja do Apóstolo Sao Paulo, arrematando a já bela paisagem. A cada dia me encanto mais com o verde e com a quantidade de praças (com cara de verdadeiras praças)belíssimas que esta cidade tem. Parece ser impossível andar mais de 1 quilômetro sem cruzar uma grande praça, parque ou jardim verdejante. Isso sem contar com as árvores que estão a cada 20 metros nos dois lados das ruas ou avenidas. Só me recuso a imaginar todo este verde coberto de neve… Pior que isso não vai demorar a acontecer.

Hoje meu roteiro incluiu a Igreja católica de Santa Edwiges e a Praça Bebel, onde há o monumento (na verdade uma placa de metal no chão) indicando o local onde os nazistas queimaram centenas de livros de filósofos e cientistas. E para ficar ainda mais "jamais esqueceremos", por um quadrado de vidro no chão vê-se estantes brancas vazias. Ambas são obras do artista israelense Micha Ullman.


Da esquerda para direita: Febi, Sophia, Kristen, Patrizia, Marisol, Voula (atrás), Tanja, Suy Chan, Gemma (atrás) e Mangala



No fim da rua, a igreja do Apóstolo Sao Paulo
Igreja de Sta. Edwiges

placa no chão lembra a queima de livros pelos nazistas
Por aqui também passava o muro; hoje, um parque
Prédio da Universidade Humboldt, na praça Bebel

Verde, muito verde; praça a 50m de casa
Povo à vontade no lago Müggel

Um comentário:

Chico disse...

Ylton: o uso de palavras em inglês é uma peste que assola o mundo todo, infelizmente. Parece que as pessoas se sentem mais cultas quando falam assim, misturando dois idiomas. Mas o que me chama atenção no blog são suas fotos, muito boas. Acho que o Lago Müggel mereceria um post exclusivo. É um local de lazer para o pessoal da Terceira Idade?!

Abraços

Chico